quarta-feira, 14 de abril de 2010

Racismo o que é?


Crença segundo a qual as capacidades humanas são determinadas pela raça ou origem étnica, muitas vezes expressa na forma de uma afirmação de superioridade de uma raça ou grupo sobre os outros.
Pode manifestar-se como descriminação, violência ou abuso verbal.
O racismo surge na cultura ocidental, ligada a certas concepções sobre a natureza humana que fundamentaram a sua descriminação, tendo em vista a sua exploração.


Nascimento do racismo!
As primeiras concepções racistas modernas surgem em Espanha, em meados do século XV, em torno da questão dos Judeus e dos Muçulmanos.
Até então os teólogos católicos limitavam-se aqui a exigir a conversão ao cristianismo dos crentes destas regiões para que pudessem ser tolerados.
Contudo, rapidamente colocam a questão da "limpieza de sangre" (limpeza de sangue).
Não basta converte-los, "limpando-lhes a alma", era necessário limpar-lhes também o sangue. Só que acabam por chegar à conclusão que este uma vez infectado por uma destas religiões, permaneceria impuro para sempre. A religião determina a raça e vice-versa. No século XVI esta concepção é estendida aos Índios e Negros. Nenhuma conversão ou cruzamento destas raças, afirma o espanhol Frei Prudêncio de Sandoval, é capaz de limpar a sua natureza inferior e impura. A única cura possível, nestes casos, é o extermínio. Entre Sandoval e Adolfo Hitler existe uma linha de continuidade de ideias e práticas racistas (J.H.Jerushalmi).
Ainda no século XVI, como refere Hannah Arendet surgirá na França uma outra concepção racista que será retomada por outros ideologos racistas mais recentes. François Hotman sustenta então que existia na França duas raças diferentes: a dos Nobres e a do Povo. A primeira de origem Germânica, era a raça dos fortes e conquistadores. A segunda a dos vencidos e antigos escravos. Trata-se de uma argumentação que procura sustentar em termos rácicos o poder e a supremacia da Nobreza em toda a Europa.
A questão da violência em que assentava a escravatura, será um dos principais argumentos utilizados entre os séculos XVI e XVIII para a condenar.

Racismo e direitos Humanos!

Declaração dos Direitos do Homem, elaborada no século XVIII, consagra a ideia da igualdade de todos os seres Humano, independentemente da sua raça, religião, nacionalidade, idade ou sexo. Diversos países desde então integraram estes princípios nas suas constituições, mas a verdade é que não retardaram em adoptar medidas restritivas à sua aplicação. A França, que simbolizou esta mesma Declaração, não tardou logo em 1804, em decretar a reintrodução da escravatura nas colónias e ao longo de todo o século XIX em proteger o tráfico clandestino dos negreiros.
Embora teoricamente todos os Homens fossem considerados iguais, desta igualdade foram excluídos os negros, os índios e todas as "raças" consideradas "selvagens", "incivilizadas", "primitivas", etc.
A razão que apresentavam era a seguinte: Estes possuíam hábitos de vida e uma cultura que os impossibilitava assumirem plenamente a condição de Homens (cidadãos). Daí que nas respectivas colónias a população fosse hierarquizada em função da sua aproximação ao ideal de Homem (cidadão) acima definido. O melhor exemplo desta situação é dado pelo E.U.A: apenas nos anos 60 do século XX, acabaram em todos os seus Estados as excepções legais à igualdade de direitos entre negros e brancos, o que não impediu que as desigualdades de tratamento tivessem continuado.
"A discriminação entre seres Humanos com base em raça, cor ou origem étnica é uma ofensa à dignidade humana e será condenada como uma negação dos princípios da Carta das Nações Unidas, com uma violação dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais proclamadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, como um obstáculo para relações amigáveis e pacíficas entre as Nações, e como um fato capaz de perturbar a paz e a segurança entre os povos." Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação racial, ONU, 1963.



"RACISTA, EU?"

Comissão    Europeia
A União Europeia considera que deve combater as discriminações em razão do sexo, raça, origem étnica, religião e crença, deficiência, idade ou orientação sexual.

UMA VISTA DE OLHOS POR CERTAS DEFINIÇÕES E CONCEITOS

"O racismo começa quando a diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão. Uma agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar as diferenças e para se empenhar no diálogo".


                                                                Mário Soares, antigo presidente de Portugal


"O racismo consiste em crer que certas pessoas são superiores a outras devido a pertencer a uma raça específica. Os racistas definem uma raça como sendo um grupo de pessoas que têm a mesma ascendência. Diferenciam as raças com base em características físicas como a cor de pele e o aspecto do cabelo. Investigações recentes provam que a (raça) é um conceito inventado. A noção de (raça) não possui qualquer fundamento biológica. A palavra (racismo) é igualmente usada para descrever um comportamento abusivo ou agressivo para com os membros de uma (raça inferior). O racismo reveste-se de várias formas nos diversos países, consoante a sua história, cultura e outros factores sociais. Uma forma relativamente recente de racismo, por vezes denominada (diferenciação étnica ou cultural), defende que todas as raças e culturas são iguais, mas não se deviam misturar, de maneira a conservar a sua originalidade. Não existe nenhuma prova científica da existência de raças diferentes. A biologia só identificou uma raça: a raça humana.

«A Europa é uma sociedade multicultural e multinacional que se enriquece com esta variedade. No entanto, a constante presença do racismo na nossa sociedade não pode ser ignorada. O racismo toca toda a gente. Degrada as nossas comunidades e gera insegurança e medo.»




 Pádraig Flynn, Comissário Europeu



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